Flip é realizada entre 30 de julho e 3 de agosto, em Paraty (RJ), e conta com apoio da Lei Rouanet
A 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ocorre entre os dias 30 de julho e 3 de agosto de 2025. Nesta edição, o Ministério da Cultura estreia a Casa MinC, em comemoração aos 40 anos de criação da Pasta. A ocupação será realizada em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no sobrado do órgão no Centro Histórico da cidade e dividirá espaço com a já tradicional Casa do Cordel.
De 31/07 a 2/08, a Casa MinC reunirá mesas de debate, encontros e ações institucionais com a participação de secretários da Pasta e representantes de entidades vinculadas, como a Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) e a Fundação Nacional de Artes (Funarte). A programação contempla temas como políticas culturais, leitura e democracia, acervos literários e fomento à cultura nos estados e municípios.
A mesa de abertura será no dia 31 de julho, a partir das 11h, com o tema “Cultura e Democracia: 40 anos do Ministério da Cultura”. Participam o Ministro da Cultura substituto, Márcio Tavares; o secretário de Formação Artística e Cultura, Livro e Leitura, Fabiano Piúba, a secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura, Roberta Martins, a presidenta da Funarte, Maria Marighella; e o presidente da FCRB, Alexandre Santini.
“A FLIP se consolidou como um dos principais eventos literários do país, e a presença ativa do MinC demonstra o reconhecimento da importância desta Festa Literária para o fomento da leitura, do pensamento crítico e da valorização da diversidade cultural brasileira.”, afirma Márcio Tavares, ao reiterar o compromisso com a Política Nacional de Livro e Leitura.
Responsável pela programação da Casa MinC, o secretário Fabiano Piúba explica que desde 2023 havia a ideia de garantir esse espaço de debates durante a Flip. “Conseguimos o êxito e estamos com uma programação em torno dos 40 anos do Ministério. As outras atividades estarão voltadas para a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE)", detalha.
A edição deste ano mantém o compromisso com a democratização da leitura, a valorização da literatura brasileira e o fomento ao pensamento crítico, reunindo escritores consagrados e emergentes em mesas de debate, oficinas, apresentações artísticas e ocupações culturais espalhadas pela cidade. O homenageado da edição de 2025 será o escritor e poeta Paulo Leminski.
"Uma das coisas mais legais da Flip é a celebração dos autores homenageados. Nomes quase esquecidos, como João do Rio, voltam a ser editados, lidos, comentados, queridos e/ou odiados. Isso é maravilhoso. Escritores iniciantes têm a chance de ser notados", afirma Fabrício Corsaletti, autor e integrante da mesa 2, Caprichos e relaxos, do Programa Principal da edição.
Rouanet na Flip
A Associação Casa Azul, organização responsável pela realização da festa, tem atuado com um plano de ações contínuas voltadas à promoção da cultura. Para o período de 2024 a 2027, a instituição captou mais de R$ 13,9 milhões por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Lei Rouanet, com o objetivo de garantir a sustentabilidade da programação e fortalecer iniciativas de formação de público e preservação do patrimônio literário.
Além da programação principal, a Flip também abriga espaços como a Casa da Cultura, a Casa da Favela e a Flipinha, voltados para ações educativas, rodas de conversa e atividades que envolvem diretamente a comunidade local e o público infanto-juvenil. A curadoria da edição de 2025 destaca a escuta ativa e o cruzamento de experiências de diferentes territórios e saberes.
"É um espaço multiplicador de arte e literatura", caracteriza a autora e participante da FlipZona, Mariana Carrara. A vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura como Melhor Romance do Ano em 2023, também relata que o encontro com os leitores no evento é um "momento afetivo e enriquecedor" para os escritores.
A autora e integrante da mesa 3, Todas as formas, Monique Malcher, ressalta a importância do evento: "Ser convidada da Flip é uma vitória pessoal, mas também representa uma abertura importante para vozes vindas do norte do país. Poder ser ouvida em outros espaços me faz feliz. Acredito que de alguma forma a palavra sempre dá um jeito de passar pelas brechas".
Patrimônio
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vinculado ao MinC, marca presença na festa com uma programação que valoriza a literatura de cordel como patrimônio cultural brasileiro. Além das atividades na tradicional Casa do Cordel, sediada no sobrado da entidade no Centro Histórico de Paraty, o instituto também promove ações no Coreto e no Museu de Arte Sacra, ampliando o alcance de suas atividades no território da festa literária.
"Desde 2019, o sítio misto Paraty e Ilha Grande é reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco. É o primeiro bem brasileiro inscrito nesta categoria, que considera a integração entre cultura e meio ambiente. Paraty tem importante valor cultural, com seu centro histórico, diversos sítios arqueológicos, parte do antigo Caminho do Ouro e a presença de comunidades tradicionais indígenas, quilombolas e caiçaras. A Festa Literária Internacional de Paraty se tornou uma referência no calendário nacional de eventos, e é um exemplo de promoção e valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro", destaca o presidente do Iphan, Leandro Grass.
A programação inclui oficinas, rodas de conversa, performances, lançamentos de cordéis, cortejos culturais e espetáculos poético-musicais, reunindo artistas, cordelistas e pesquisadores de diferentes regiões do país. Entre os destaques estão o espetáculo “Entre o Baião e o Chão do Verso”, com Paola Tôrres e banda, a performance lítero-musical de Maria Rosa, e mesas de debate como “Instrumento de letramento para a educação e a cultura: a Literatura de Cordel”, com participação de Edmilson Santini, Lu Vieira e Fabiano Piúba.
Nos três espaços, o público poderá acompanhar apresentações que reverenciam mestres da cultura popular, como Cleusa Santo, Dalinha Catunda, Severino Honorato e Zé Salvador, além de lançamentos temáticos que abordam desde o folclore brasileiro até questões de diversidade e ancestralidade.
Casa Rui Barbosa
A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) marca presença na festa literária com uma programação que destaca a relação entre literatura, memória e justiça social. Em sua segunda participação consecutiva no evento, o órgão reforça o diálogo entre arquivos, estética e política, abordando temas como literatura marginal, memória negra, direitos culturais e preservação patrimonial sob perspectivas contemporâneas e antirracistas.
Para o presidente da FCRB, Alexandre Santini, “a FLIP é um dos espaços mais importantes para articular literatura, pensamento e diversidade cultural no Brasil. A presença da Fundação reforça nosso compromisso com a valorização dos arquivos literários e o debate público sobre memória e cultura, além de contribuir para democratizar e ampliar a visibilidade dos nossos acervos”.
A programação inclui reflexões sobre a poesia de Paulo Leminski, homenageado desta edição, em diálogo com autores contemporâneos cujos acervos estão preservados na instituição, além de discussões sobre acervos comunitários e perspectivas antirracistas na construção de coleções públicas. A parceria com o Programa Educativo da Flip também será destaque, promovendo intercâmbios entre a Fundação e iniciativas de formação cultural.
Casa da Favela
Em sua terceira edição na Flip, a Casa da Favela ocupa novamente Paraty, dessa vez com o tema A Favela no Multiverso. A proposta deste ano amplia os horizontes da literatura periférica ao apresentar a favela como um território múltiplo — vivo, ancestral, digital, coletivo e em constante reinvenção.
A programação, realizada pela Agência de Notícias das Favelas (ANF) em parceria com instituições como Periferia Brasileira de Letras (Fiocruz), Instituto Alameda, UFRJ/Lab Cultura Viva, Fundação Casa de Rui Barbosa e com apoio do Ministério da Cultura, terá atividades de quarta a domingo, das 9h às 23h, no Centro Histórico de Paraty.
"Levar a literatura de quebrada para o centro de um dos maiores eventos literários do país significa mostrar a importância da literatura periférica e reafirmar que a favela, para vencer, precisa estar em todos os espaços, do poder à palavra", destaca André Fernandes, fundador da ANF.
Um dos destaques é a instalação Serpente do Mundo, da artista e escritora Káliman Chiappini, que convida o público a refletir sobre os ciclos de opressão e libertação. A autora também lança na Casa o livro Grita! Histórias & Poemas de Impacto, com prefácio da ministra Margareth Menezes. A obra une poesia, prosa e memória para dar voz ao grito coletivo das margens. A mesa de abertura, Julho Delas, acontece no dia 30, às 18 horas.
Serviço
23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)
Data: 30 de julho a 3 de agosto de 2025
Local: Centro Histórico de Paraty (RJ)
Programação: Confira a programação completa no site oficial da festa
Ingressos: Clique neste link para acessar ver a disponibilidades dos ingressos